Eu estava muito animada, fato.
Só a oportunidade de provar e ver de perto, reunidos, vinhos de mais de 90 vinícolas já me tirava o sono.
Eu, particularmente, gosto muito do Descorchados. Descorchados significa “Desarrolhados”, e, nessa viagem aos sabores e aromas, o guia te indica quais os que valem à pena perderem suas rolhas. Ele possui uma linguagem muito particular e sempre se apega as histórias de cada vinho, de cada Enólogo.
Para quem não conhece, o Descorchados começou a reunir, em 1999, avaliações de vinhos Chilenos produzidos de forma independente, e, hoje, devido à imensa legião de fãs e ao aumento considerável do número de consumidores do vinho, o guia também elege os seus melhores da Argentina, Uruguai e Brasil. No Brasil, apenas os espumantes entram em análise.
O guia é escrito pelo exímio pesquisador da vitivinicultura e Enólogo Patricio Tapia, um chileno defensor dos vinhos com história, vinhos que precisam ser desvendados, descobertos. O autor critica, em boa parte do seu trabalho, a produção meramente comercial voltada à satisfação do gosto do consumidor final. Segundo ele, um vinho sem arestas, tecnicamente perfeito, pode ser comparado a um hamburguer ou pizza convertidos em vinho: tudo para agradar o paladar mimado do consumidor. Esses não são os vinhos que se destacam no Descorchados.
Para sua curadoria, Tapia percorre anulamente as vinícolas mais diversas e conversa pessoalmente com cada enólogo, tudo em busca de uma grande descoberta. Sua equipe conta com degustadores afiadíssimos que durante 6 meses avaliam às cegas os vinhos selecionados.
O lançamento da edição de 2017 do guia no Brasil foi em São Paulo e amplamente divulgado nas redes sociais, bem como foi oferecida a compra do guia pela internet.
Eu e o evento
Depois do meu primeiro grande evento de vinhos, que foi o Porto & Douro, cuja experiência eu já relatei em um post, procurei não cometer os mesmos erros, e, claro, aproveitar ao máximo a minha participação.
Conforme eu constatei no meu primeiro evento, o traje deve ser prático, confortável e sem grandes firulas. Bolsa atravessada ou mochila, tudo para ficar com as mãos livres e degustar com mais tranquilidade registrando as análises. Minhas análises são gravadas por voz no celular, desta forma, fico com mais mobilidade e não preciso ficar carregando papel e caneta.
Bolsa atravessada, mão em uma taça e celular na outra
No meu primeiro evento eu não me perdoei por não ter feito um checklist, um roteiro com os vinhos que queria provar, então nesse eu fui preparada! Fiz uma lista no próprio bloco de notas do celular com a minha seleção. Yesssss!!!!! Aprender com os erros é tudo nessa vida!
No evento
Quando cheguei ao local do evento, achei demasiadamente cheio e não havia totens de identificação das vinícolas, apenas uma plaquinha em casa mesa. Com aquele lugar LOTADO, milhares de pessoas querendo provar tudo, ficaria IMPOSSÍVEL seguir minha rota de vinhos a serem degustados. Ou seja: meu plano de ir marcando na lista foi por taça abaixo!!!!
Muito cheio, não dava para localizar nada!
Então, mudei de estratégia.
Pensei: isso aqui tá mega cheio e os melhores e mais procurados vinhos vão acabar. Preciso ir aos destaques que eu encontrar, independente de premiação ou não, e, conforme forem aparecendo em meu caminho os premiados, eu provo. E foi a melhor coisa que fiz. Porque sim, eles acabaram.
Tive a chance de experimentar vinhos caros, que são as jóias de algumas vinícolas. Alguns eu poderia dizer até que meu paladar ainda nem está preparado para recebê-los. Como eu já expliquei no início das minhas postagens aqui no blog, paladar é algo que se pratica, que se treina. Mas ainda assim provei. Oportunidades são oportunidades.
(Estou arrumando um tempinho para colocar as minhas análises do Vivino)
O evento pra mim foi bom, porque além de provar tudo isso aí que vocês estão vendo, pude conhecer uma amiga de web, a Carine. Ela tem um grupo do Face, o ExclusiveSP, também é apaixonada por vinhos, boa mesa e eventos. O bom da web é que ela é capaz de agregar pessoas com interesses e gostos semelhantes. Trocamos muita figurinha e em breve nos encontraremos novamente. Ela e o marido foram ótimos companheiros de taça!
Minhas considerações pessoais sobre o Evento de lançamento do Descorchados 2017:
1 – Estava muito cheio. O local não comportava tantas pessoas. Resultado: calor, expositores suados, cansados, que mal conseguiam falar sobre seus vinhos. Não tinha como! A quantidade de gente por mesa era assombrosa. Circular era difícil. Por vezes me senti em alguma micareta ou trio elétrico.
O evento precisa migrar para um local maior, mais amplo, que dê mais acesso aos expositores e facilidade de circulação.
Os banheiros estavam bem tranquilos. Talvez porque fosse uma tarefa hercúlea chegar até eles.
Era MUITA GENTE, pouquíssima circulação.
2 – Não havia totens de identificação dos expositores, bandeiras mais altas ou alguma sinalização que fosse possível avistar o nome da vinícola. Ou um mapa de localização de cada uma. A identificação era em um display em cima da mesa. Ou seja: com a mesa abarrotada de gente, só era possível saber em qual produtor você estava, depois que já tivesse finalmente conseguido furar o bloqueio frontal da mesa.
Era assim a identificação. De longe, nada se via.
3 – De fato, aconteceu o que eu imaginei: alguns vinhos foram acabando. Acho muito triste chegar em um evento e não ter mais o vinho para você degustar. E olha que nem estou me referindo aos pequenos produtores não, que fazem vinhos em lotes reduzidos e acabam mesmo. Até na Valduga, o Blanc de Blanc já havia acabado quando fui levar a Carine para tomar. Eu consegui provar e ela não. O rapaz que estava lá, trabalhando pela vinícola, mal conseguia falar e fazer sua exposição sobre os vinhos. Era muito barulho, calor e muita gente! Fiquei com pena dele, que se esforçava para conseguir atender todo mundo.
4 – O evento estava marcado para as 16, inclusive para os profissionais da área. Cheguei pouco antes das 16, e já estava lotado e cheio de gente lá dentro. Tudo leva a crer que o evento iniciou bem antes. Mais uma razão para algumas pessoas terem ficado sem vinho.
5 – Como em todo evento de degustação de vinhos, tinha água liberada, obviamente. Os garçons ficavam circulando com jarras de água durante todo o tempo. Eu, que já organizei alguns eventos nessa minha vida, não faria isso. Deixaria bebedouros em pontos estratégicos, assim como fizeram no Porto & Douro. Desta forma, as pessoas são “obrigadas” a se deslocarem até um ponto para pegarem suas águas. Isso já melhora a circulação. Desvia o fluxo. E evita que os garçons fiquem circulando, carregando taças e mais taças, mais as garrafas de água no meio de uma multidão! Loucura foi isso!
E, após experimentar vinhos tão amados, meu paladar já dava sinais de esgotamento.
Chega uma hora que você já não identifica mais os aromas, os sabores e precisa parar. Cansaço mesmo.
E, esgotadas, mas felizes, fomos embora! Valeu a pena?
Pra mim, valeu muito. Genteeeeee, eu nunca tinha ido!!! Então pra mim é tudo legal, tudo descoberta! Eu faço essas críticas aí em cima porque já trabalhei muitos anos com eventos, sou auditora da qualidade, engenheira e chata. Chata pra caramba.
Ano que vem estarei lá, certamente! Firme e forte! Torcendo para que eles melhorem na organização porque nosso país precisa disso! O mercado precisa disso! Os consumidores precisam disso e eu também preciso!!! Eu, hein! Imagina se perco um babado desses?
Bjs!
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