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Foto do escritorJoana Rangel

A Confraria – Edição #1

E no dia 19 de fevereiro de 2017, fizemos a primeira edição da Confraria Enófila Gastronômica & Cultural. Esse nome grande aí foi só para dar uma pinta de evento importante e talz. Na verdade, somos 4 amigos que amamos vinho e uma boa mesa, só isso. E gostamos do universo do vinho: histórias, causos…da sensação de desfrutar cada sabor mágico que o vinho oferece.

Na primeira edição quisemos fazer uma homenagem ao vinho nacional – uma industria que vem se destacando a cada ano, e, cada vez mais ganhando espaço nas mesas pelo mundo. É caro? É. Bastante. Mas já viu a carga tributária e os baixos incentivos aos produtores do nosso país? É vergonhoso. Posso dizer que quem produz e comercializa vinho no Brasil é, além de apaixonado, maluco. Mas isso é assunto para outro post.

Vamos à Confraria.

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O QG escolhido foi a casa da Donana – minha amiga Ana que também tem um blog sobre vinhos (leia aqui).

Conforme nossas normas internas (cof, cof, cof), é papel do anfitrião preparar a casa disponibilizando papéis (para avaliação dos vinhos), canetas, taças, copos de água e toda a infra necessária para que o evento aconteça.

O formulário de avaliação escolhido foi o do Método Giancarlo Bossi – que é o mesmo utilizado na ABS. Como faremos o curso de degustação lá, resolvemos usar o mesmo formulário que eles utilizam.

(Quem quiser uma cópia do arquivo é só me mandar um e-mail que eu envio)

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Formulário Analítico Método Giancarlo Bossi


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Mesa preparada para a degustação às cegas


Quem ficou responsável por fazer o serviço da degustação às cegas foi o Carlos. Cabe ao responsável embalar e numerar as garrafas, de modo que fique impossível a identificação.

Como não tínhamos a taça ISO, usamos taças normais e servimos em média 15 mL para cada um. Mas a garrafa estava disponível para quem quisesse se servir de mais.

Taça ISO Existe a taça ISO (International Standards Organization), criada em 1970. Ela é uma espécie de taça coringa, pois serve para todos os tipos de vinho. É muito utilizada para degustações técnicas, para que possa ser mantida uma referência entre diversos tipos de fermentado. Por isso, pode ser um dos melhores modelos para começar o seu acervo. Ela é relativamente pequena e totalmente cristalina. Seu bojo é maior e ela é fechada na parte de cima. É boa especialmente para a parte aromática.

Eram 5 vinhos, todos Merlots – de acordo com a temática escolhida para a edição. Entretanto, havia entre eles um “vinho impostor”, um vinho que apelidamos de “dois de paus” rá!

Seguinte: compramos um vinho numa promoção (Merlot também) e infiltramos ele lá. A ideia é que em toda edição tenha um Dois de Paus. Esse era um Merlot Chileno de 20 Reais. Ou melhor: de R$ 17,90 na promoção do Extra Supermercados.

E aí? Curioso para saber como foi a degustação, qual vinho foi o favorito e se alguém descobriu qual vinho era o Dois de Paus impostor?

Bom, foi muito TENSO preencher o formulário. Sim, porque não estamos acostumados com o vocabulário do vinho: “Vermelho-granada” “Límpido” “Turvo” “Etéreo” “Vegetal” “Decrépito” “Untuoso”…enfim, são denominações que não fazem parte do nosso cotidiano (ainda), mas com o tempo vamos pegando o jeito. Tínhamos que começar de alguma forma, não é mesmo?

Outra coisa que percebi é que só de cheirar o vinho, o álcool já entra em nossa corrente sanguínea, sei lá o que acontece…mas ficamos altos mais depressa. Então, quando fizerem algo parecido, degustem uma quantidade menor – caso ainda desejem tomar o restante das garrafas. Que foi o que nós fizemos.

O vinho que foi eleito o primeiro lugar, o melhor de todos os 5 que provamos, foi o….

O impostor!!!! Justo ele.

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3 Medalhas Merlot – Santa Rita 2015 – R$ 17,90 no Extra: o impostor, Dois de Paus safadinho foi eleito o melhor pela maioria (Donana, Cadarso e Carlos).

Eu não votei nele não. O meu escolhido às cegas foi o Luiz Argenta.

E a colocação dos Merlots ficou a seguinte:

1º – 3 Medalhas – Santa Rita 2015 (Chile)

2º – Luiz Argenta – 2012

3º – Capoani – 2012

4º – Documento – Dom Candido 2011


5º – Leopoldina – Valduga 2013

Feita a degustação e após muitas risadas ao descobrirmos quais vinhos eram os favoritos, foi a hora de escolhermos qual iria harmonizar melhor com a entrada e o prato principal.

Harmonizar, no universo dos vinhos, significa “casar”, combinar no sentido de complementar. Vinhos e comidas andam SEMPRE juntos. Como eu já escrevi nesse post aqui.

E o escolhido para a entrada foi o Capoani, por ser um vinho de corpo mais leve, com menos estrutura e pouco tânico. Um vinho bem macio para se começar a relaxar em uma tarde de domingo, como fizemos.

A entrada foi um Creme de Cogumelos e foi Donana a responsável pela produção.

Donana odeia cozinha. Mas agora, mergulhando de cabeça no mundo dos vinhos, está começando a se abrir e a se jogar em experiências culinárias. Assim eu espero, porque o creme ficou maravilhoso! E cogumelos harmonizam muuuuito bem com Merlots.

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A torradinha deu um tchan


O prato principal foi um escândalo visual. Fiquei com vergonha de me comprometer a fazer algum prato depois do Show de Cadarso, que apresentou um Courdon Bleu à Primavera. Não me perguntem de onde ele tirou isso, mas estava bem bom. Com ele tomamos o 3 Medalhas e o Luiz Argenta.

O 3 Medalhas é mais macio e tem menos corpo que o Luiz Argenta, mas os taninos do LA para mim estavam na medida perfeita. Estava um vinho do jeito que eu gosto mesmo.

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Humilhando ozamigos


De acordo com a temática, Cadarso escolheu fazer um frango por se tratar de uma carne branca, mais adequada a um Merlot e ao verão.

E fomos bebericando, conversando e distraindo. Confesso que nem o Dom Candido e nem o Leopoldina me agradaram. Como no universo do vinho há SEMPRE uma segunda chance, estou aberta à novas provas, nunca se sabe.

E a sobremesa, também remetendo aos Merlots, nesse caso aos pratos nacionais, foi de minha autoria. Fiz um Cuscuz em homenagem ao Pássaro Negro (Merlot vem de “Merle”, que significa Pássaro Negro). Então achei adequado fazer um doce que eu amo e que me lembra os nossos negros maravilhosos de Salvador BA, ou seja: a nossa história.

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Côco, paixão nacional.


E foi assim.

Bebemos, comemos e aprendemos bastante para a próxima edição.

O que iremos melhorar na próxima:

  1. A toalha da mesa precisa ser branca – ou bem mais clara, para não interferir na hora de analisar a coloração do vinho;

  2. A quantidade de garrafas pode ser menor – 1 por pessoa está no limite e é mais que o suficiente. Então, na próxima serão 3 + 1 Dois de Paus;

  3. A sobremesa deve ser servida só no final, final mesmo…os doces cortam muito o paladar para se continuar bebendo depois. E a gente queria continuar (hehehe).

E, a triste conclusão do evento, de um modo geral foi (lamento, mas tenho que escrever porque ao ter um blog me prestei à isso): com 4 vinhos nacionais na faixa dos R$ 70, R$ 80, sendo todos eles de uma uva que é a nossa especialidade (a Merlot), o vencedor foi um Chileno de R$ 17,90 contos.

Triste. Mas verdade.

Merlots não são especialidade do Chile. Conclusão: nossos vinhos precisam baratear se quiserem competir de igual para igual. É preciso que haja incentivo à produção e ao consumo urgentemente.

E você? Não quer experimentar fazer um evento assim com seus amigos?

Faça e depois me conte como foi! Eu vou adorar trocar uma ideia!

Bjs!

divina-assinatura
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